Sou paulistana. E como tal, acostumada a ouvir pela rua: Bahiaaaano!!
(sempre num triste tom de xingamento)
-Só podia ser Bahiaaaano!!!

Não sei de onde possa ter surgido a expressão. Mas sei que não é apenas uma expressão popular, é muito mais que isso: é um tremendo preconceito contra o povo bahiano (vindo aqui do sudeste...principalmente de nós, paulistas).
Aqui, em Sampa, mas também de uma maneira geral, o bahiano é cunhado por características que remetem a vagareza, sono, preguiça, lentidão...diz-se povo devagar quase parando, não muito chegado à labuta...que só quer saber de festa, carnaval... e por aí vai.
Que tristeza,
Que mentira,
Quanto pré-conceito.
Neste ano de 2010 tive a deliciosa oportunidade de conhecer um pouco melhor o povo bahiano.
Meu marido vive mudando de cidade/estado a trabalho - o que nos faz um pouco nômades...rsrs - e moramos em Salvador por alguns meses.
Na minha opinião, muito pouco tempo. Gostaria de ter ficado mais tempo e confesso que trocaria Sampa pela capital bahiana, facilmente.
que boniteza de cidade!! cheia de história, culturalmente rica.
Deslumbre de praias...
Mas aqui estou pra falar um pouco é do povo bahiano.
Raçudo, forte, trabalhador, persistente, alegre.
Povo politizado (precisa ver como de fala em política por todo canto e classe social),
Bem humorado, de opinião forte, observador.
Corajoso.
Tranquilo, em paz cosigo. Seguro de si.

Me chamou atenção em especial: um povo que não reclama. Segue a vida. E feliz.
Não sei se o paulistano é, como dizem, estressado, ou apenas insatisfeito por natureza. Por aqui se reclama por quase tudo: a fila do banco que está grande, o ônibus que não chega... e quando chega, está cheio. É muito calor, frio, a chuva. Pior, no lazer continuamos a reclamar: no cinema, reclamamos da fila pra entrar, e da fila pra pipoca, e do tumulto pra sair do estacionamento... e o trânsito pra chegar em casa...
(ué, mas não tá de folga, então pra que a pressa?)
o Bahiano, não.
ele vai vivendo, parece não se importar com essas futilidades... ele parece saber que no fim, chega lá.
Como se soubesse quão precioso é o tempo, e a vida, e vai vivendo... Não se importa com o cara que fura a fila (meu Deus! confesso que me irritei tanto quando furaram a fila da bilheteria do cinema que acabei desistindo de comprar o tícket, rsrs)
E ainda parece te olhar como quem diz: "Pra quê tanta pressa?" "Tá correndo de quê essa aí?"
Percebe que não adianta correr. Ele deixa as coisas acontecerem. Apenas observa. Talvez matutando onde será a festa, mais à noitinha...
É festeiro, sim esse povo da Bahia.
Como gosta de dançar... samba, forró, axé... não importa não.
importa é viver, relaxa!

São Paulo, como se sabe, é onde se encontra mais bahiano, fora da Bahia.
Então vou aproveitar pra aprender por aqui mesmo mais desse povo que é massa!