Uma antiga lenda chinesa fala de uma mulher cujo filho único morreu. Em sua dor, ela aproximou-se do mestre e disse: ' De que orações ou de que encantamentos mágicos dispões para trazes de volta a vida de meu filho?'
Em vez de mandá-la embora ou argumentar com ela, ele lhe disse: 'Traze-me um grão de mostarda de um lar que jamais conheceu a tristeza. Nós o usaremos para expulsar a tristeza de sua vida'.
A mulher partiu de imediato em busca do grão mágico de mostarda. Primeiro, dirigiu-se a uma esplêndida mansão, bateu à porta e falou: 'Estou procurando uma casa que nunca conheceu a tristeza. Esta casa é uma delas? É muito importante para mim!' Responderam-lhe: 'Vieste ao lugar errado.' E começaram a descrever-lhe as trágicas coisas que recentemente lhes tinham acontecido. A mulher pensou consigo mesmo: 'Quem é capaz de ajudar esses infelizes melhor do que eu, que tive minhas próprias desgraças?' E demorou-se algum tempo confortando-os.
Depois, prosseguiu na busca de uma casa que, nunca conhecera a tristeza. Para onde quer, porém, que se voltasse, para as choupanas ou para os palácios, ela só encontrava histórias de tristeza e desgraças. Ao final, ela se envolveu tanto em amenizar a dor das outras pessoas que esqueceu a busca da semente de mostarda, não percebendo que acabara por expulsar a tristeza de sua vida.
Sobre dores, mágoas, tristeza... de minha parte vejo um mundo injusto.
Ainda que não sejam distribuidos de maneira medida, igual e justa, angustia e desgostossão distribuídos em larga escala.
Não culpo a Deus.
Não acredito que Ele é quem os provoca ou distribui. (e isso dá muitas linhas pra outro dia...)
Ainda assim, cada um leva sua porção.

Da próxima vez que olhares o vivaz esverdeado gramado do vizinho, lembre-se:
Se conhecêcemos todos os fatos ali de dentro,
muito dificilmente encontraríamos
alguém cuja vida seria invejável.
A tristeza traz consigo armadilhas ardilosas (raiva de alguém, culpa de Deus e o pior, culpar a si mesmo, entrando em depressão, que é a raiva de si mesmo). Acredito que se conseguirmos nos desvencilhar dessas armadilhas, mais rapidamente a tristeza se vai.
A raiva é compreensível, normal e é muito menos destrutiva do que se imagina. Não há nada de errado em descarregar sua raiva.
Mas descarregue toda sua raiva na SITUAÇÃO e não em si mesmo ou nas pessoas que você ama.
Sentir raiva de si, causa depressão.
A raiva das pessoas afasta-as de nós.
De Deus, cria uma barreira e afasta o conforto e sustentação que a religião nos fornece nesses momentos.
Já sentir raiva da situação, reconhecê-la como algo deselegante, desonesto e totalmente imerecido, gritar, denunciá-la, chorar sobre ela, permite-nos descarregar a raiva que é parte de nossa mágoa sem dificultar a ajuda que outros nos podem dar.
Nos momentos dolorosos não é de explicações e justificativas que necessitamos.
Mas da cumplicidade no olhar do outro. É de compreensão, abraço.
inspirado em Harold S. Kushner, em "Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas"